sexta-feira, 15 de abril de 2011


COMEÇANDO A CONHECER Fernando Sabino

Fernando Sabino

Fernando Sabino

(Cronista e escritor mineiro)
12/10/1923 - Belo Horizonte (MG)
11/10/2004 - Rio de Janeiro (RJ)

Nascido em Belo Horizonte no dia 12 de outubro de 1923, o escritor e cronista Fernando Tavares Sabino era o último vivo do quarteto mineiro de escritores integrado por Hélio Pellegrino (1924-88), Otto Lara Resende (1922-92) e Paulo Mendes Campos (1922-91). Essa amizade inspirou Sabino a escrever "O Encontro Marcado" (1956), seu livro de maior sucesso.

Além de "O Encontro Marcado", suas principais obras foram "O Homem Nu" (1960), "O Menino no Espelho" (1982) e "O Grande Mentecapto" (1979), que deu a Sabino o Prêmio Jabuti.

Aos 17 anos, ao decidir ser gramático, escreveu uma crítica sobre o dicionário de Laudelino Freire no jornal "Mensagem", e publicou também artigos literários em "O Diário", ambos em Minas Gerais.

No início da década de 1940, começou a cursar a Faculdade de Direito e ingressou no jornalismo como redator da "Folha de Minas". Seu primeiro livro de contos, "Os Grilos não Cantam Mais", foi publicado em 1941, no Rio. Nesse mesmo ano, torna-se colaborador do jornal literário "Dom Casmurro", da revista "Vamos Ler" e do "Anuário Brasileiro de Literatura".

Em 1942, começa a trabalhar na Secretaria de Finanças de Minas Gerais e leciona português no Instituto Padre Machado, nas horas vagas. No ano seguinte, é nomeado oficial de gabinete do secretário de Agricultura do Estado.

Em 1944, muda-se para o Rio de Janeiro e torna-se colaborador regular do jornal "Correio da Manhã", do Rio, onde conhece Vinicius de Moraes, de quem se tornaria amigo. Na então capital do país, Sabino assume o cargo de oficial do Registro de Interdições e Tutelas da Justiça.

Depois de se formar em Direito na Faculdade Federal do Rio de Janeiro em 1946, licencia-se do cargo que exerce na Justiça e viaja com Vinicius de Moraes aos Estados Unidos, morando por dois anos em Nova York, onde trabalha no Escritório Comercial do Brasil e no Consulado Brasileiro.

Em 1947, envia crônicas para serem publicadas em jornais como "Diário Carioca" e "O Jornal", do Rio, que são reproduzidas em vários veículos do Brasil. Começa a produzir os livros "Ponto de Partida" e "Movimentos Simulados" que, apesar de não serem concluídos, serão aproveitados em "O Encontro Marcado".

Depois de voltar ao Brasil no ano seguinte, continua a colaborar com crônicas e artigos para jornais e revistas do país e publica "A Cidade Vazia" e "A Vida Real".

"O Encontro Marcado", uma de suas obras mais conhecidas, é lançada em 1956, ganhando edições até no exterior, além de ser adaptada para o teatro.

Sabino decide, em 1957, viver exclusivamente com escritor e jornalista depois de pedir exoneração do cargo de escrivão. Inicia uma produção diária de crônicas para o "Jornal do Brasil", escrevendo mensalmente também para a revista "Senhor".

Em 1960, o escritor publica o livro "O Homem Nu" na Editora do Autor, fundada por ele, Rubem Braga e Walter Acosta. Publica, em 1962, "A Mulher do Vizinho", que recebe o Prêmio Cinaglia do Pen Club do Brasil.

É contratado, em 1964, durante o governo João Goulart, para exercer as funções de Adido Cultural junto à Embaixada do Brasil em Londres.

Em 1966, faz a cobertura da Copa do Mundo de Futebol para o "Jornal do Brasil". Depois de desfazer a sociedade na Editora do Autor, funda, em 1967, em conjunto com Rubem Braga, a Editora Sabiá, onde publica livros de Vinicius de Moraes, Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Cecília Meireles e Clarice Lispector, entre outros.

Entre final dos anos 60 e início dos 70, viaja para diversas partes do mundo como correspondente de veículos brasileiros, produzindo reportagens sobre países como Alemanha, Portugal, Itália, França, Inglaterra, Estados Unidos e Argentina.

Termina o romance "O Grande Mentecapto" em 1979, iniciado mais de 30 anos antes. A obra, que lhe rendeu o Prêmio Jabuti, acabaria sendo adaptada para o cinema e o teatro anos depois.

Em 1991, lançou o livro "Zélia, uma Paixão", biografia autorizada de Zélia Cardoso de Mello, ministra da Economia do governo Fernando Collor (1990-92), trabalho que o autor se recusava a comentar. Acreditava ter sido vítima de hostilidade por causa dele.

Em julho de 1999, recebe da Academia Brasileira de Letras o prêmio "Machado de Assis" pelo conjunto de sua obra.

Publica em 2004 o romance "Os Movimentos Simulados", da editora Record, totalizando uma produção literária de mais de quatro dezenas de obras em 80 anos de vida.

Um dia antes de completar 81 anos, morre no dia 11 de outubro de 2004 vítima de câncer no fígado. O escritor lutava contra a doença desde 2002.

O corpo de Sabino foi sepultado ao som de canções de jazz, tradicionais em funerais de Nova Orleans (EUA), na manhã do dia 12 de outubro, no cemitério São João Baptista, em Botafogo, zona sul do Rio.


A Última Crônica


Fernando Sabino




A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café
junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever.


A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou
do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência,
que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao
episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de
esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico,
torno-me simples espectador e perco a noção do essencial.
Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o
verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último
poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar
fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.


Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de
sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha
de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas
curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres
esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da
família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam
para algo mais que matar a fome.

Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro
que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom,
inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um
pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando
imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta
para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a
reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu
lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão
apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho -- um bolo
simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia
triangular.

A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente.
Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e
filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O
pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os
observa além de mim.

São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta
caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola,
o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto
ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra
com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa.
A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas
e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura --
ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de
bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim,
satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da
celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se
encontram, ele se perturba, constrangido -- vacila, ameaça
abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se
abre num sorriso.

Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura
como esse sorriso.


Texto extraído do livro "A Companheira de Viagem", Editora
do Autor - Rio de Janeiro, 1965, pág. 174.

Endereços:

http://intervox.ufrj.br/~jobis/s-ult.html

http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_976.html

Texto conclusivo

Bom, após a leitura de texto de Fernando Sabino, concluímos que, após a entrada dele num botequim ele começa a refletir sobre suas metas, o que ele deseja em mais um ano de vida, ou seja que gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano na busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um, e fala também que pretende apenas recolher da vida vida diária algo de seu disperso conteúdo, ou seja a cada dia que passa ele pretende extrair, observar, anotar algo do cotidiano de alguém, e nesse texto ele retrata, um ritual muito comum em nosso cotidiano é um ritual que se chama aniversário, onde o aniversariante comemora o dia em que fica mais velho.

O autor Fernando Sabino é detalhista e observador,

Nome: Rafael Nunes numero: 28

Nome:Gabriel numero:9

Nome:Jonhatan Augusto numero:

Nome: ygor numero:34

Nome: maik numero:

7 comentários:

  1. eu axei o texto muito interessante pois ele fla d uma data muito comemorada em todo o mundo né o aniversario. o aniversario é um dia muito especial pra todos, e o fernando sabino presenciou tdo issu e começou a anotar dai ele queria q tds os dias dle fossem assim anotando o dia de cada pessoa diferente.
    axei o texto muito bem esplicado, e a conclusão muito bem feita
    eu recomendo esse site eu axei muito interresante espero q todos que entrem gostem

    http://pensador.uol.com.br/autor/fernando_sabino/
    ana karolayne (9°a) - 2012

    ResponderExcluir
  2. eu axei muito bom pq ele e uma pessoa responsável com as sua coisa e seus livros muito bom
    e o aniversario e muito importante em nossa vida pq e um dia só nosso para se alegrar.


    juliana (9°a)2012

    ResponderExcluir
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  4. bom eu e meu amigo lucas concluimos que o texto retrata sobre sua vida e fala de quando ele entra no botequim e senta na mesa e começa a refleetir sobre sua vida.
    ele cita sobre uma data importante em nossas vidas o dia em que voce nasceu por isso ele fala sobre a importancia dessa data pois é o dia em que voce fica mais velho.

    natan bellei e lucas romanelli 9 ano a 2012

    ResponderExcluir
  5. nós gostamos muito do texto,mas também me compliquei nas palavras que eu ñ pronuncio no dia-a-dia.Pode se presenciar um pouco de discriminação racial e também um pouco de classe social.
    a familia que se presencia no texto,passa por situação ligeira mas é por uma boa causa.a filha do casal está fazendo aniversário.
    gostei muito do q o autor escreveu no texto q relata q por mais baixa a classe social o aniversário é sagrado.
    as pessoas q fizeram comentários podem ñ ter entendido o texto inteiro para uma critica bem resumida,mas entraram no ponto certo ou seja,entraram no assunto q o autor queria falar(ñ há comentários de 2011)


    elias n. santos (9°b)2012 igor stuart (9°b)2012

    ResponderExcluir
  6. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  7. A crônica aprsentada plo autor consagrado do portuga sita mtos preconceitos vividos no dia-a-dia d famílias pobres e negras no passado e, as vzs, até nos dias atuais. As características dadas a filhinha sao mto bem postas, a simplicidade e o fato dela ser inibida diant os demais na cafetria conseguem dizer oq eles n podiam nakela época. Realmente mto bom.

    ResponderExcluir