quarta-feira, 17 de abril de 2013

O Leão - Dalton Trevisan

   A menina me leva diante do leão ,esquecido por um circo de passagem. Velho e doente, não está preso em grades de ferro. Foi solto no gramado e a tela fina de arame é escarmento ao rei dos animais. Não mais que um caco de leão: pernas reumáticas ,juba emaranhada e sem brilho. Os olhos globulosos fecham-se cansados sobre o focinho contei nove ou dez moscas ,que não tinha ânimo de espantar. Das grandes narinas escorriam gotas e pensei, por um momento ,fossem lágrimas. 
   Observei em volta: todos adultos, sem contar a menina. Apenas para nós o leão conserva o antigo prestígio  as crianças ao redor dos macaquinhos. Um dos presentes explica que o bicho tem as pernas entrevadas, a vida inteira na minúscula jaula. Derreado, não pode sustentar-se de pé.
   Chega-se um piá e, desafiando com olhar selvagem o leão, atira-lhe  um punhado de cascas de amendoim. O rei sopra pelas narinas, ainda é um leão: estremece a grama a seus pés. Simula ignorara a provocação e mastiga com dificuldade, no canto da boca, um pedaço de carne. Um de nós protesta que deviam servir-lhe a carne. Um de nós protesta que deviam servir-lhe a carne em pedacinhos.
 - Ele não tem dente?
 - Tem sim, não vê? Não tem a força de morder.
   Continua o moleque a jogar amendoim na cara devastada do leão. Ele nos olha e um brilho de compreensão nos faz baixar a cabeça: é conhecido o travo amargoso de derrota. Está velho, artrítico, não se aguenta das pernas, mas é um leão. De repente, sacudindo a juba, põe-se a mastigar o capim. Ora ,leão come verde! Lança-lhe o guri uma pedra: acertou no olho lacrimoso e doeu.
   O leão abriu a bocarra de poucos dentes amarelos, não era um bocejo. Entre caretas de dor elevou-se aos tracos nas pernas tortas. Sem sair do lugar, ficou de pé.Escancarou penosamente os beiços moles e negros, ouviu-se a rouca buzina de fordeco antigo.
   Por um instante o rugido manteve suspensos os macaquinhos e fez bater mais depressa o coração da menina. O leão trovejou seis ou setes urros. Exausto, deixou-se cair de lado e fechou os olhos para sempre.

Fonte: Livro: Deixa que eu conto.
         Coleção: Literatura em minha casa.


Síntese do grupo

   A menina acha o leão velho e ele estava muito maltratado com as perdas reumáticase ele não tinha brilhos nos olhos e o leão estava muito doente por causa que foi esquecido por um circo.
   O leão tinha passado a vida inteiro convivendo com adultos e crianças no circo e ele ficava trancado em uma minuscula jaula com pouco comigo e agora ele não consegui mais sustentar em pé.
   O leão tão acabado não tinha forças para morder e a menina pesou em dar pedaços de picados de carne para ele e tinha um moleque que estava jogando amendoim no roto do leão e o moleque depois tacou uma pedra nos olhos do leão, o leão levantou-se com muita dor nos olhos ,deu varios urros e caiu-se ao lado da menina e fechou os olhos para sempre.






Mini Biografia 


Dalton Trevisan (1925) é um escritor brasileiro. Recebeu o Premio Camões de 2012, pela importância no gênero do conto. O maior contista brasileiro contemporâneo. Recebeu o Prêmio Ministério da Cultura de Literatura, pelo conjunto de sua obra. A publicação do seu livro "O Vampiro de Curitiba" (1965) lhe valeu o apelido, por causa de seu temperamento recluso.
Dalton Trevisan (1925) nasceu em Curitiba, Paraná, no dia 14 de junho. Formou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Paraná. Exerceu a advocacia durante sete anos. Liderou em Curitiba o grupo literário que publicava a revista Joaquim, tornando-se porta voz de vários escritores. Publicou na Revista seus primeiros livros de ficção "Sonata ao Luar" (1945) e "Sete Anos de Pastor" (1946).
Ao longo de muitos anos produziu textos sem publicá-los. A partir de 1954, publicava seus contos em forma de folhetos, à moda da literatura de cordel, onde registrava o cotidiano notadamente situado na metrópole curitibana. Publicou "Guia Histórico de Curitiba" e "Crônicas da Província de Curitiba".
Sua carreira teve início depois de merecer destaque no I Concurso Nacional de Contos do Paraná. Ganhou repercussão nacional a partir de 1959, com a publicação de "Novelas Nada Exemplares", que reunia quase duas décadas de produção literária. Recebeu pela obra, o Prêmio Jabuti de Câmara Brasileira do Livro.
Dedicado exclusivamente ao conto, só teve um romance publicado "A Polaquinha" (1985). Em 1996 recebeu o Prêmio Ministério da Cultura de Literatura, pelo conjunto de sua obra. Em 2003 dividiu com Bernardo de Carvalho o Iº Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira, com o livro "Pico na Veia".
Dalton Trevisan foi o vencedor da 24ª edição do Prêmio Camões de 2012. Anunciado no dia 21 de maio, foi eleito por unanimidade pelo juri, pela importância no gênero do conto. O Prêmio Camões é uma das maiores honrarias para autores da língua portuguesa. É uma parceria entre os governos do Brasil e de Portugal, e a cada ano acontece em um dos dois países.
Publicou também "Morte na Praça" (1964), "Cemitério de Elefantes" (1964), "A Guerra Conjugal" (1969), "Crimes da Paixão" (1978), "Ah, É" (1994), "O Maníaco do Olho Verde" (2008), "Violetas e Pavões" (2009), "Desgracida" (2010), "O Anão e a Nifesta" (2011), entre outras.




Fonte 

http://www.e-biografias.net/dalton_trevisan/


Glossário

Escarmento: Ato ou efeito de escarmentar. Lição aprendida à própria custa; experiência, desengano, desilusão. 3 Exemplo salutar; advertência. 4 Repreensão, castigo. 
Travo: 1 Sabor amargo e adstringente da fruta. 2 Sabor adstringente de qualquer comida ou bebida. 3 Amargor. 4 Vestígio ou impressão desagradável.  Contração dos membros, tolhimento. 6 Travor.
Artrítico1 Relativo à artrite. 2 Que sofre de artrite. Indivíduo que sofre de artritismo. Trancos1 Salto largo que o cavalo dá, parando imediatamente. Reg(Rio Grande do Sul) Andadura ou marcha natural do cavalo, não apressada; trote natural do cavalo. 3 Abalo, comoção, solavanco. 4 Empurrão, safanão, encontrão, esbarro. 5 Golpe com o pé, dado de flanco. 6 Tombo provocado. Futebol Ato de empurrar com o ombro um adversário, a fim de lhe tomar a bola ou impedir que ele a alcance. 8 Tragada (de cigarro); em princípio, referia-se só à maconha, depois estendeu-se ao cigarro comum. Trancos: aos saltos, intervaladamente; com interrupções. Aos trancos: aos saltos, aos trambolhões. Aos trancos e barrancos: com muitos trabalhos e dificuldades, a custo; aos trancos.

Dicionário: Michaelis.



Escola juvenal da Costa e Silva - 9°C- 17/04/2013
Amanda Vieira
Ana Carolina
Jennifer Eduarda 
Bruno Lima
Julia Fernanda
Alvaro 


4 comentários:

  1. Eu acho que nenhum animal pode ser mal tradado e para mim nenhum animal tem que fica prezo dentro de um zoológico, nem circo.

    ResponderExcluir
  2. Eu gostei de fazer este trabalho porque me fez refletir em relação aos animais mal tratados.

    ResponderExcluir
  3. Alguém sabe me dizer quem é o personagem principal da história ?

    ResponderExcluir