terça-feira, 27 de maio de 2014

Os tesouros das aulas de Português - (Série Mil Palavras)



Por Amanda Siqueira
 
No começo do ano, logo no primeiro dia de aula, eu realmente estranhei o modo com que o professor de Português agia, ele era diferente de muitos, e nesse primeiro dia em que ele chegou a nossa sala, e citou algumas coisas relacionadas a valores, o que seria algo bem estranho para uma aula de Português, e nos perguntou sobre valores matérias e morais / sentimentais, até que o quadro / lousa se encheu, sendo nossos valores materiais, o dinheiro, os “ídolos”, a tecnologia; e nossos valores morais / sentimentais, a amizade, a família, o amor, os sonhos/metas, a escola, o respeito, a saúde, a fidelidade, as lembranças e a felicidade. Isso nos fez refletir bastante sobre a vida.
Logo, nos mostrou como ser aprovado em Português (regras – “combinados”), e para ser aprovado precisa obter disciplina, atenção, educação, respeito, e principalmente fazer todas as atividades. E seu modo de avaliar, era com avaliações, trabalhos, atividades, comportamento, e oralidade. E os recursos que teríamos durante as aulas, que seriam vídeos, músicas, histórias, livros, jornais e revistas.
No segundo bimestre, ele nos passou um trabalho “difícil”, mas posso dizer que conseguir até fazer com facilidade, e acabei tirando uma boa nota. Sem contar, que o professor tinha um Blog voltado a nós, e a matéria, então lá nos postávamos trabalhos ou coisas que ele pedia. Já nesse último bimestre, agente teve de fazer um esquete, e o meu tema foi um conto de Lygia Fagundes Telles, “Venha ver o pôr do sol”, foi bem trabalhoso, mas ficou bem legal.
Era ótimo quando procurávamos textos, contos, poemas, histórias ou até mesmo vídeos ou músicas e as histórias nas quais nos criávamos, e nos estudávamos sobre eles, e cada um nos mostrava uma lição de vida, como: “Não passou”; “Acordar, viver”; “Eu etiqueta” e “Hino Nacional” de Carlos Drummond de Andrade (esse era o autor preferido do Professor, na qual o professor dizia “Ave Drummond”); “O Olho da Tuluperê” que foi uma história contada pelo professor; e a música “Não é sério” de Charlie Brow Junior, entre outros.
Depois de certos momentos percebi que não seria uma aula qualquer, que não seria apenas uma aula de Português, para vermos somente erros ortográficos, orações, e apenas o português em si. Mas, percebi que iríamos poder refletir sobre a vida, e sim, aquele professor era muito sábio, e isso me fazia admira-lo cada vez mais e mais, apesar dele me dar um pouco de medo muitas vezes, parecia ser muito carrasco, e maldoso, mas isso só era imaginação.
Tem vezes que eu acabava meio chateada, por algo que ele tenha falado, ou algo do tipo, mas esse era o seu papel de professor, por mais que ele seja “rígido”, eu aprendi muito com ele sobre a vida. Então, as aulas que eu mais gostava eram quando ele parava, e começa a contar certas histórias, e principalmente frases, certas frases pareciam que eram feitas pra mim, especialmente pra mim, como: “e era o amor e o desamor e o medo de magoar” era tudo que eu realmente sentia naquele momento, e passei a admirar cada palavra, e imaginar tantas coisas. E entre outros conselhos parecia que eu preciso daquilo naquele exato momento, e eu me identificava tanto, e nisso que surgiu os melhores conselhos, não eram os conselhos diretamente pra mim, entre eu e ele, mas significava muito.
Algumas vezes no ano, eu me afastei um pouco das minhas amigas nas aulas de Português, parecia que eu era meio excluída naquele meio pelo professor, então decidi me afastar, uma fez ele tinha dito que eu não seria boa companhia, e eu guardei isso, e confesso que isso me chateou muito, sendo o motivo de me afastar delas. E no outro dia eu tinha pegado meu boletim, e vi que eu fiquei apenas com 8,5 de média em sua matéria, eu chorei muito, e não me conformava como isso podia ter acontecido, porque eu tinha minhas metas, e entre elas, eu precisa ter pelo menos 9 ou 9,5 de média no boletim de cada matéria, e se eu ficasse com 8,5 iria me prejudicar muito. Pensei em conversar com ele para saber o porquê eu tinha ficado com aquela nota, pois eu nunca deixei de fazer nada em sua aula, e não teria motivo de perder nota, mas deixei quieto. E minha mãe acabou indo falar com ele na escola, e viu que foi apenas um engano dele, por minha sorte.
Depois disso percebi que ele não tinha “nada contra” mim, pelo menos era o que aparentava. Já estamos bem perto do fim do ano, ou melhor, do “nosso casamento com o professor” (como ele disse no primeiro dia de aula também, que seriamos casados com ele até o fim desse ano).
E aqueles melhores conselhos, eu tenho certeza que vou poder guardar pra sempre, e lembrar que nessas aulas de Português / durante esse ano de 2013 eu abri a minha mente, e posso dizer que esse ano eu entrei com a cabeça de um jeito na escola, e irei sair com a mente de outro jeito, bem mais madura, bem mais preparada, principalmente agora que estamos terminando o 9° ano, ou seja, o último ano do Ensino Fundamental, e nos preparando para o Ensino Médio, e em todas essas aulas de Português serviu principalmente para isso, para nos mostrar como realmente é o mundo, e que não devemos perder tempo ficando chateado, ou algo assim, com raiva, pois não vale a pena, como todos dizem, “você só vive uma vez”, quer dizer que não há tempo de ficarmos nos preocupando com coisas banais, e sim aproveitar o hoje, e não viver no passado, nem no futuro, pois estamos aqui agora.
E, é claro que nesse ano também aprendemos o Português em si.
Então professor... Eu só tenho que te agradecer por tudo, até por ser rígido, pois você quem nos fez crescer, e amadurecer, e nos deixou tão preparado como estamos hoje. Obrigado Maurílio de Carvalho.


OBS. Este texto é parte de uma atividade opcional que solicitei de meus alunos de 9.° ano (2013 - EMIEF JUVENAL DA COSTA E SILVA - TAUBATÉ-SP).  Esta sequência de textos são, a meu ver,  uma espécie de "coroação" do trabalho que realizei com aqueles alunos. Não revelam simplesmente o nível de linguagem que eles desenvolveram até aqui, mas também o quanto eles estão crescendo como seres humanos ("APRENDENDO A SER").  Nesta atividade, duas coisas me surpreenderam positivamente. A primeira, a grande quantidade de alunos que realizaram o texto, mesmo não sendo uma atividade obrigatória. A segunda, e mais importante, o"feedback" positivo que recebi destes alunos. Neste ano (2014) que estou completando 20 anos de Magistério, o resultado que alcancei com os alunos é o que de fato me faz ver - VALEU (VALE) A PENA! Obrigado alunos! Tenho aprendido/apreendido muito com vcs! (Prof. Maurílio de Carvalho 27-05-2014)
 

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