Por Amanda Siqueira
No começo do ano, logo no
primeiro dia de aula, eu realmente estranhei o modo com que o professor de
Português agia, ele era diferente de muitos, e nesse primeiro dia em que ele
chegou a nossa sala, e citou algumas coisas relacionadas a valores, o que seria
algo bem estranho para uma aula de Português, e nos perguntou sobre valores
matérias e morais / sentimentais, até que o quadro / lousa se encheu, sendo
nossos valores materiais, o dinheiro, os “ídolos”, a tecnologia; e nossos
valores morais / sentimentais, a amizade, a família, o amor, os sonhos/metas, a
escola, o respeito, a saúde, a fidelidade, as lembranças e a felicidade. Isso
nos fez refletir bastante sobre a vida.
Logo, nos mostrou como ser
aprovado em Português (regras – “combinados”), e para ser aprovado precisa
obter disciplina, atenção, educação, respeito, e principalmente fazer todas as
atividades. E seu modo de avaliar, era com avaliações, trabalhos, atividades,
comportamento, e oralidade. E os recursos que teríamos durante as aulas, que
seriam vídeos, músicas, histórias, livros, jornais e revistas.
No segundo bimestre, ele
nos passou um trabalho “difícil”, mas posso dizer que conseguir até fazer com
facilidade, e acabei tirando uma boa nota. Sem contar, que o professor tinha um
Blog voltado a nós, e a matéria, então lá nos postávamos trabalhos ou coisas
que ele pedia. Já nesse último bimestre, agente teve de fazer um esquete, e o
meu tema foi um conto de Lygia Fagundes Telles, “Venha ver o pôr do sol”, foi bem
trabalhoso, mas ficou bem legal.
Era ótimo quando
procurávamos textos, contos, poemas, histórias ou até mesmo vídeos ou músicas e
as histórias nas quais nos criávamos, e nos estudávamos sobre eles, e cada um
nos mostrava uma lição de vida, como: “Não passou”; “Acordar, viver”; “Eu
etiqueta” e “Hino Nacional” de Carlos Drummond de Andrade (esse era o autor
preferido do Professor, na qual o professor dizia “Ave Drummond”); “O Olho da
Tuluperê” que foi uma história contada pelo professor; e a música “Não é sério”
de Charlie Brow Junior, entre outros.
Depois de certos momentos
percebi que não seria uma aula qualquer, que não seria apenas uma aula de
Português, para vermos somente erros ortográficos, orações, e apenas o
português em si. Mas, percebi que iríamos poder refletir sobre a vida, e sim,
aquele professor era muito sábio, e isso me fazia admira-lo cada vez mais e
mais, apesar dele me dar um pouco de medo muitas vezes, parecia ser muito
carrasco, e maldoso, mas isso só era imaginação.
Tem vezes que eu acabava
meio chateada, por algo que ele tenha falado, ou algo do tipo, mas esse era o
seu papel de professor, por mais que ele seja “rígido”, eu aprendi muito com
ele sobre a vida. Então, as aulas que eu mais gostava eram quando ele parava, e
começa a contar certas histórias, e principalmente frases, certas frases
pareciam que eram feitas pra mim, especialmente pra mim, como: “e era o amor e
o desamor e o medo de magoar” era tudo que eu realmente sentia naquele momento,
e passei a admirar cada palavra, e imaginar tantas coisas. E entre outros
conselhos parecia que eu preciso daquilo naquele exato momento, e eu me
identificava tanto, e nisso que surgiu os melhores conselhos, não eram os
conselhos diretamente pra mim, entre eu e ele, mas significava muito.
Algumas vezes no ano, eu me
afastei um pouco das minhas amigas nas aulas de Português, parecia que eu era
meio excluída naquele meio pelo professor, então decidi me afastar, uma fez ele
tinha dito que eu não seria boa companhia, e eu guardei isso, e confesso que isso
me chateou muito, sendo o motivo de me afastar delas. E no outro dia eu tinha
pegado meu boletim, e vi que eu fiquei apenas com 8,5 de média em sua matéria,
eu chorei muito, e não me conformava como isso podia ter acontecido, porque eu
tinha minhas metas, e entre elas, eu precisa ter pelo menos 9 ou 9,5 de média
no boletim de cada matéria, e se eu ficasse com 8,5 iria me prejudicar muito.
Pensei em conversar com ele para saber o porquê eu tinha ficado com aquela
nota, pois eu nunca deixei de fazer nada em sua aula, e não teria motivo de
perder nota, mas deixei quieto. E minha mãe acabou indo falar com ele na
escola, e viu que foi apenas um engano dele, por minha sorte.
Depois disso percebi que
ele não tinha “nada contra” mim, pelo menos era o que aparentava. Já estamos
bem perto do fim do ano, ou melhor, do “nosso casamento com o professor” (como
ele disse no primeiro dia de aula também, que seriamos casados com ele até o
fim desse ano).
E aqueles melhores
conselhos, eu tenho certeza que vou poder guardar pra sempre, e lembrar que
nessas aulas de Português / durante esse ano de 2013 eu abri a minha mente, e
posso dizer que esse ano eu entrei com a cabeça de um jeito na escola, e irei
sair com a mente de outro jeito, bem mais madura, bem mais preparada, principalmente
agora que estamos terminando o 9° ano, ou seja, o último ano do Ensino
Fundamental, e nos preparando para o Ensino Médio, e em todas essas aulas de
Português serviu principalmente para isso, para nos mostrar como realmente é o
mundo, e que não devemos perder tempo ficando chateado, ou algo assim, com
raiva, pois não vale a pena, como todos dizem, “você só vive uma vez”, quer
dizer que não há tempo de ficarmos nos preocupando com coisas banais, e sim
aproveitar o hoje, e não viver no passado, nem no futuro, pois estamos aqui
agora.
E, é claro que nesse ano
também aprendemos o Português em si.
Então professor... Eu
só tenho que te agradecer por tudo, até por ser rígido, pois você quem nos fez
crescer, e amadurecer, e nos deixou tão preparado como estamos hoje. Obrigado
Maurílio de Carvalho.
OBS. Este texto é parte de uma atividade opcional que solicitei de meus alunos de 9.° ano (2013 - EMIEF JUVENAL DA COSTA E SILVA - TAUBATÉ-SP). Esta sequência de textos são, a meu ver, uma espécie de "coroação" do trabalho que realizei com aqueles alunos. Não revelam simplesmente o nível de linguagem que eles desenvolveram até aqui, mas também o quanto eles estão crescendo como seres humanos ("APRENDENDO A SER"). Nesta atividade, duas coisas me surpreenderam positivamente. A primeira, a grande quantidade de alunos que realizaram o texto, mesmo não sendo uma atividade obrigatória. A segunda, e mais importante, o"feedback" positivo que recebi destes alunos. Neste ano (2014) que estou completando 20 anos de Magistério, o resultado que alcancei com os alunos é o que de fato me faz ver - VALEU (VALE) A PENA! Obrigado alunos! Tenho aprendido/apreendido muito com vcs! (Prof. Maurílio de Carvalho 27-05-2014)
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