terça-feira, 16 de abril de 2013

A VOLTA LIMA_BARRETO


O governo resolveu fornecer passagens, terras, instrumentos aratórios, auxílio por alguns meses às pessoas e famílias que se quiserem instalar em núcleos coloniais nos Estados de Minas e Rio de Janeiro.Os jornais já publicaram fotografias edificantes dos primeiros que foram procurar passagens na chefatura de polícia.
É duro entrar naquele lugar. Há um tal aspecto de sujidade moral, de indiferença pela sorte do próximo, de opressão, de desprezo por todas as leis, de ligeirezas em deter, em prender, em humilhar, que eu, que lá entrei como louco, devido à inépcia de um delegado idiota, como louco, isto é, sagrado, diante da fotografia que estampam os jornais, enchi-me de uma imensa piedade por aqueles que lá foram como pobres, como miseráveis, pedir, humilhar-se diante desse Estado que os embrulhou.
Porque o Senhor Rio Branco, o primeiro brasileiro, como aí dizem, cismou que havia de fazer do Brasil grande potência, que devia torná-lo conhecido na Europa, que lhe devia dar um grande exército, uma grande esquadra, de elefantes paralíticos, de dotar a sua capital de avenidas, de boulevards, elegâncias bem idiotamente binoculares e toca a gastar dinheiro, toca a fazer empréstimos; e a pobre gente que mourejava lá fora, entre a febre palustre e a seca implacável, pensou que aqui fosse o Eldorado e lá deixou as suas choupanas, o seu sapé, o seu aipim, o seu porco, correndo ao Rio de Janeiro a apanhar algumas moedas da cornucópia inesgotável.
Ninguém os viu lá, ninguém quis melhorar a sua sorte no lugar que o sangue dos seus avós regou o eito. Fascinaram-nos para a cidade e eles agora voltam, voltam pela mão da polícia como reles vagabundos.É assim o governo: seduz, corrompe e depois... uma semi-cadeia.
A obsessão de Buenos Aires sempre nos perturbou o julgamento das coisas.
A grande cidade do Prata tem um milhão de habitantes; a capital argentina tem longas ruas retas; a capital argentina não tem pretos; portanto, meus senhores, o Rio de Janeiro, cortado de montanhas, deve ter largas ruas retas; o Rio de Janeiro, num país de três ou quatro grandes cidades, precisa ter um milhão; o Rio de Janeiro, capital de um país que recebeu durante quase três séculos milhões de pretos, não deve ter pretos.E com semelhantes raciocínios foram perturbar a vida da pobre gente que vivia a sua medíocre vida aí por fora, para satisfazer obsoletas concepções sociais, tolas competições patrióticas, transformando-lhes os horizontes e dando-lhes inexequíveis esperanças.Voltam agora; voltam, um a um, aos casais, às famílias para a terra, para a roça, donde nunca deviam ter ido para atender tolas vaidades de taumaturgos políticos e encher de misérias uma cidade cercada de terras abandonadas que nenhum dos nossos consumados estadistas soube ainda torná-las produtivas e úteis.O Rio civiliza-se!
Fonte: Crônicas Escolhidas.

       glossário

  
 governadores:1. Que governa;
2. Que governa um estado, uma região administrativa etc.
3. Que tem aptidão ou capacidade para governar.

delegado:1. Brás. Chefe das atividades policiais em determinada localidade ou região
2. Aquele que representa um país, instituição, órgão ou empresa em reunião,

idiota:1. Diz-se de quem diz ou faz tolice; de que sugere ou constitui idiotice (comportamento idiota, resposta idiota) [ antôn.: Antôn.: esperto ]
2. Psiq. Diz-se de quem sofre de idiotia.

promessas:1. Ação ou resultado de prometer, ger. em troca de algo: Ela cumpriu sua promessa.
2. Compromisso assumido de se fazer ou não algo [+ a, de : promessa aos eleitores: Saiu com a promessa de voltar logo.]

pobre:1. Que tem poucos recursos ou posses: "Pedro pedreiro quer voltar atrás/ Quer ser pedreiro pobre e nada mais" (Chico Buarque, Pedro pedreiro)) [ antôn.: Antôn.: rico ]
2. Em que há pobreza ou que aparenta pobreza (região pobre) [ antôn.: Antôn.: rico]

oportunidades:1. Qualidade do que é oportuno.
sf.2. Ocasião ou situação oportuna, apropriada ou favorável
[F.: Do lat. inoportunista (m)]

desprezo:1. Falta de apreço ou consideração; DESDÉM; CONTEMPLAMENTO  CONTEMPTO: Tratava os subalternos com desprezo.
2. Desconsideração, descaso, negligência: O desprezo de um compromisso.

humilhação:1. Ação ou resultado de humilhar(-se)
2. Aviltamento, rebaixamento moral: Exprimiu toda a sua humilhação diante do juiz.

casa:1. Construção, ger. com um ou poucos andares, com forma e tamanho diversos, destinada a habitação; MORADIA; RESIDÊNCIA; VIVENDA [Aum.: casão, casarão, casaréu. Dim.: casinha, casita, casucha, casebre, casinhola, casinholo, casinhota, casinhoto]
2. Local onde se viver -LAR.
século:1. Cron. Período de cem anos seguidos
 2. Cron. Divisão do tempo histórico que consiste numa sequência de cem anos (a partir do primeiro dia do primeiro ano de uma centena, até o último dia do último ano dessa centena)



http://aulete.uol.com.br/index.php

SÍNTESE A VOLTA.


O Governo fez propagandas boas para famílias pobres do interior, prometendo passagens, terras, auxilio a essas famílias e instrumentos aratórios. Mas tudo não passava de uma fachada, pois, o único objetivo dos governadores era tornar o Brasil uma potência mundial e não permitir que essas pessoas fossem para o tão sonhado bom lugar a se viver.

Quando as pessoas acham que chegarão a um local onde possam viver dignamente bem, viam que não era nadas do que pensavam e lugar era mal estruturado e totalmente sem higiene.

O Plano do governo não deu certo, pois, as famílias começaram a voltar para as suas casas. Devido à imundícia moral, opressão, desprezo pelas leis, humilhação e um delegados louco, idiota, nada do que foi prometido havia sido comprido por isso as pessoas resolveram voltar aos seus antigos locais de residência, pois o que tinham ainda era melhor, e, nada do que eles precisam para viver melhor que havia sido prometido foi colocado em pratica para infelicidade dos mesmos.

O preconceito era grande em relação aos negros, pois, pensavam que: em um pais de três ou quatro grandes cidades, não se deve ter negros.

Em nossa opinião, a crônica deveria fazer com que os políticos pagassem por tudo que fizeram, e viver na sarjeta  na miséria, e serem usados como usaram os pobres. Deveriam ser punidos pelas suas fachadas de um pais bom no qual a realidades era outra já que eles que cuidam de tudo que o povo usufrui acho que seus filhos deveriam estudarem em escolas publicas, fazerem o uso do SUS ( sistema único de saúde), para que possam ver no cotidiano a realidade da população.

(Lima Barretos) Editora: Ática coleção de folha se S.P. 




Grupo:
 Raniery Domingos n°32; Igor Messias n°20;Álvaro Vilela n°1;Lucas  Vinicius n°23; Wellington n°18; Pablo n°27.

14 comentários:

  1. Muito bom!,pois esse texto relata sobre a farsa que tinha os governadores da época que só queriam ser grandes potencias mundias,e faziam essas farsas diante dos pobres para tentar mostrar que eram melhores. :)

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  2. Hahaha' Foda em ... fico drs pra caramba! U.uuu *-*

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  3. entaum esse texto fala sobre a realidade que muitas pessoas faziam e ainda fazem com a as outras, que faziam de tudo para se tornarem potencias , ate enganar as pessoas #

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  4. Esse texto faz pensar , e mostra como os governadores da época só estavam interessados no desenvolvimento do país , oferecendo locais de moradia para a população , sendo que esses lugares eram sujos e ainda maltratavam o povo daquele local.

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    1. Concordo Man! o bom foi q depois de um tempo as pessoas voltaram para suas casas , daonde nunca deveriam ter saido ! SHAUSHUAHSU'

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  5. Q esses governadores paguem pelo que fez SHAUSHUA morram na sargeta haha' ;)

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  6. muito bom raniery gostei dimais ..! caprichou no desenho ai hem rsrs
    show !

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  7. Gostei do empenho/preocupação em realizar o trabalho!

    Gostei da síntese, mas vcs devem pesquisar a questão histórica que envolve os "retirantes" - nordestinos que vinham (ou vêm) para o sudeste.

    Faltou incluir nessa postagem a minibiografia e as fontes completas.

    Mas, Parabéns pelo trabalho e continuem se empenhando!

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  8. muito legal e interessante oque a história conta sobre as falsas promessas dos governadores que não aconteceu e o povo começou a retornar para suas casas depois que passaram por opressão , desprezo , etc...

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    1. É mesmo. Lima Barreto é um grande escritor. Recomendo que leiam outro conto dele "O novo manifesto" - https://www.portalsaofrancisco.com.br/obras-literarias/o-novo-manifesto

      E também a sua obra prima, o livro "Triste fim de Policarpo Quaresma"

      Abrçs, Prof. Maurílio

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