quarta-feira, 17 de abril de 2013

O Revolver do Senador---Fernando Sabino



O Senador ainda estava na cama, lendo calmamente os jornais, e eram dez horas da manhã. Súbito ouve a voz do netinho de quatro anos de idade por detrás da folha aberta, bem junto de sua cabeça:
– Vovô, eu vou te matar.
Abaixou o jornal e viu, aterrorizado, que o menino empunhava com as duas mãos o revólver apanhado na gaveta da cabeceira.  Sempre tivera a arma ali ao seu alcance, para qualquer eventualidade, carregada e com uma bala na agulha. Nunca essa eventualidade se dera na longa seqüência de riscos e tropeços que a política lhe proporcionara. No entanto, ali estava, agora, apanhado de surpresa, sob a mira de um revólver. O menino começou a rir de sua cara de espanto.
– Eu vou te matar – repetiu, dedinho já no gatilho.
O menor gesto precipitado e a arma dispararia.
Pensou em estender o braço e ao menos afastar o cano de sua testa, que já começava a porejar suor. Mas temeu o susto da criança, o dedo se contraindo no gatilho... Tentou falar e de seus lábios saíram apenas sons roufenhos e mal articulados.
– Não me mata não – gaguejou, afinal: – você é tão bonzinho...
– Pum! Pum! – e o demônio do menino sempre a rir, só fez dar um passo para trás; que o colocou fora de seu alcance. Agora estava perdido.
– Cuidado, tem bala... – deixou escapar, e a voz de novo lhe faltou. Toda uma vida que terminava ali, estupidamente nas mãos de uma criança – de que adiantara?  Tudo aflição de espírito e esforço vão. Se alguém entrasse no quarto de repente, a mãe, a avó do menino... Que é isso, menino! Você mata seu avô! Com o susto... Senti o pijama já empapado de suor. Era preciso fazer alguma coisa, terminar logo com aquela agonia. Estendeu mansamente o braço trêmulo:
– Me dá isso aqui...
– Mãos ao alto! – berrou o menino, ameaçador, dando passo para trás, e as mãos pequeninas se firmaram ainda mais no cabo da arma. O Senador não teve outra coisa a fazer senão obedecer.
E assim se compôs o quadro grotesco: o velho com os braços erguidos, o guri a dominá-lo com o revólver. De repente, porém, o telefone tocou.
– Atende aí ­– pediu o Senador, num sopro.
Estava salvo: o menino tomou do fone, descobrindo brinquedo novo, e abaixou o revólver. O Senador aproveitou a trégua para apoderar-se da arma. Então pôs-se a tremer, descontrolado, enquanto retirava as balas com os dedos aflitos. O menino começou a chorar:
– Me dá! Me dá!
A mulher do senador vinha entrando:
–O que foi que você fez com ele? Está com uma cara esquisita... Que aconteceu?
– Acabo de nascer de novo – explicou simplesmente.
(Fonte: A vitória da infância)

Síntese do grupo:

O texto conta sobre a história de um senador que viveu um momento de pavor quando seu pequeno neto encontrou sua arma carregada dentro da gaveta da cabeceira da cama e aponta para sua cabeça dizendo: “Vou te matar!”. O senador começa a suar desesperadamente, já sem voz o homem tenta falar, mas dos seus lábios só saem ruídos “Não me mata não! “diz o senador” Você é tão bonzinho!”. Por sorte o telefone toca  e o senador aliviado gagueja: “Atende ai!” e aproveita a distração do garoto para tomar o revolver  e descarrega-lo o garoto ao perceber que perdeu o “brinquedo” começa a chorar dizendo: “Me dá, me dá!!”.
A mulher do senador ao entrar no quarto ao ver a cena pergunta o que houve o senador com poucas palavras responde: “Acabo de nascer de novo.”
Em discussão com o grupo as opiniões foram que o senador foi irresponsável de deixar a arma naquele lugar tão acessível e foi dito também que o autor do texto deveria ter estendido mais a história pois ela terminou muito de repente.

Glossário:
Súbito-Que ocorre ou surge sem ser previsto,repentino, inesperado,subitânio.Acontecimento repentino
roufenhos-Qualidade do que é fanho, rouco.
empunhava-V.t. Pegar e apertar na mão; segurar, pegar pelo punho (a espada, uma arma).
eventualidade-Usar
estupidamente-violentamente tolamente 
compôs-É uma complementação.
A família botânica das Compostas é atualmente denomina-
da de Asteráceas
grotesco-Ridiculo; algo feio.
guri-Menino, garoto, moleque
trégua -Dar um tempo;
esquecer o que se passou;
pedido de desculpas.
aflitos-Que se encontra em estado de desespero, Agonia. Impaciência.

Grupo: Jessica Morgado,Maria Eliza,Leticia Martins,Israel Salatiel,Ana Carolina Rocha
Escola Juvenal da Costa e Silva


6 comentários:

  1. O texto é muito interessante,pois deve servir de exemplo para as pessoas tomarem cuidado com as crianças!

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  2. Verdade pois as crianças são imprevisíveis como minhas duas irmãs!elas não tem noção do perigo!

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  3. é mesmo as crianças nem imaginam o perigo de uma arma ou seja o que for.

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  4. as crianças não podem se responsabilizar pelos seus ato por isso tem os pais e se eles forem irresponsaveis não tem nexo.

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  5. as crianças tem esse tipo de brincadeira por causa da televisão só passa violência o dia todo e as crianças tentam imitar.

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  6. Gostei dos comentários e da síntese.
    Ler é bom demais, não é mesmo?

    E Fernando Sabino é muito sutil e engraçado em suas mensagens.

    Continuem lendo, se esforçando para aprender e compartilhar com os colegas o que aprendem.
    Parabéns!

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