terça-feira, 16 de abril de 2013

o homem nu_ frenando sabino 

Ao acordar, disse para a mulher:

— Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o sujeito com a conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum.

— Explique isso ao homem — ponderou a mulher.

— Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém. Deixa ele bater até cansar — amanhã eu pago.

Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um café. Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão. Como estivesse completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o mármore do parapeito. Ainda era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. Mal seus dedos, porém, tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento.

Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, ficou à espera, olhando ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher pensava que já era o sujeito da televisão. Bateu com o nó dos dedos:

— Maria! Abre aí, Maria. Sou eu — chamou, em voz baixa.

Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.

Enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o ponteiro subir lentamente os andares... Desta vez, era o homem da televisão!

Não era. Refugiado no lanço da escada entre os andares, esperou que o elevador passasse, e voltou para a porta de seu apartamento, sempre a segurar nas mãos nervosas o embrulho de pão:

— Maria, por favor! Sou eu!

Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos, regulares, vindos lá de baixo... Tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo uma pirueta, e assim despido, embrulho na mão, parecia executar um ballet grotesco e mal ensaiado. Os passos na escada se aproximavam, e ele sem onde se esconder. Correu para o elevador, apertou o botão. Foi o tempo de abrir a porta e entrar, e a empregada passava, vagarosa, encetando a subida de mais um lanço de escada. Ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com o embrulho do pão.

Mas eis que a porta interna do elevador se fecha e ele começa a descer.

— Ah, isso é que não! — fez o homem nu, sobressaltado.

E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali, em pêlo, podia mesmo ser algum vizinho conhecido... Percebeu, desorientado, que estava sendo levado cada vez para mais longe de seu apartamento, começava a viver um verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momento o mais autêntico e desvairado Regime do Terror!

— Isso é que não — repetiu, furioso.

Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os andares, obrigando-o a parar. Respirou fundo, fechando os olhos, para ter a momentânea ilusão de que sonhava. Depois experimentou apertar o botão do seu andar. Lá embaixo continuavam a chamar o elevador. Antes de mais nada: "Emergência: parar". Muito bem. E agora? Iria subir ou descer? Com cautela desligou a parada de emergência, largou a porta, enquanto insistia em fazer o elevador subir. O elevador subiu.

— Maria! Abre esta porta! — gritava, desta vez esmurrando a porta, já sem nenhuma cautela. Ouviu que outra porta se abria atrás de si.

Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e tentando inutilmente cobrir-se com o embrulho de pão. Era a velha do apartamento vizinho:

— Bom dia, minha senhora — disse ele, confuso. — Imagine que eu...

A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito:

— Valha-me Deus! O padeiro está nu!

E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha:

— Tem um homem pelado aqui na porta!

Outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se passava:

— É um tarado!

— Olha, que horror!

— Não olha não! Já pra dentro, minha filha!

Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a porta para ver o que era. Ele entrou como um foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem se lembrar do banho. Poucos minutos depois, restabelecida a calma lá fora, bateram na porta.

— Deve ser a polícia — disse ele, ainda ofegante, indo abrir.

Não era: era o cobrador da televisão.

http://pensador.uol.com.br/cronicas_de_fernando_sabino/

síntese

No meu grupo cada um teve uma visão sobre a cronica de Fernando sabino"o homem nu".Um achou a cronica engraçada, que não tem nada de ruim nessa cronica.
Outro já achou ruim, porque esta cronica não mostra educação em parte alguma, como: 
em vez de pagar a divida não , resolveu se esconder, sendo que uma hora teria que pagar.
Outro já achou sem logico, porque oque passa na cabeça de um homem sair na rua sem roupa.
Outro ja achou falta de educação e caráter, mesmo sabendo que pessoas maram perto dele, e que a qualquer momento poderia sair uma criança ou uma visita, ele foi e continuo. E acabou com uma velhinha vendo - lhe e achando ele um pedófilo
Meu grupo concluiu que isso é ruim, e que um homem desse não de exemplo nenhum. Mais mostra que tudo tem sua hora e que não se deve fugir de seus deveres
biografia



Fernando tavares sabino (belo horizonte, 12 de outubro de 1923) - rio de janeiro, (11 de outubro de 2004) foi um escritor e jornalista brasileiro.
Durante a adolescência  foi locutor de programa de radio pila no ar e começou a colaborar regularmente com artigos, cronicas e contos em revista da cidade, conquistamos prêmios em concursos
No inicio da década de 1940, começou a cursar a faculdade de direito e ingressou no jornalismo como redator da folha de minas. o primeiro livro de contos, os grilos não cantam mais, foi publicado em 1941, no rio de janeiro quando o autor tinha apenas 14 anos
mudou para o rio de janeiro em 1944. depois de se formar em direito na faculdade federal do rio de janeiro em 1946, viajou com Vinicius de Moraes aos Estados Unidas da America  onde morou por dois anos em nova Iorque com primeira esposa helena sabino e a primogênita Eliana sabino 

glossário

Ponderou: Examinar com cuidado, observando todos os lados 
vigarice: Ato de vigarice, Burlar, intrujice, logro
despido: desprovido de roupa, nu 
ruido: barulho provocado pelo choque ou atrito de objetos
refugiado: retirar - se para refugiu, local segura ou protegido
pirueta: rodopio sobre um pé 
desvairado: que perdeu o equilíbrio emocional 
momentânea:  em um momento, num instante, sem demora 
acuado: que se acuou, encurralado, cercado 
ofegante: que demonstra muito cansaço, exausto 

nomes
Vitor Vieira Vasconcelos 
Vitoria Luíza Pereira Barbosa dos Santos
Mauricio da silva chendi
Franciele da Silva Ferreira
Rayane Suelen Alves
Kayc Oliveira Garcia 
9ºAno D
17/04/2013

6 comentários:

  1. gostei muito dessa cronica. muito engraçada. mas não mostra educação em parte alguma e irresponsabilidade por parte dele
    mas de resto nota1000

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  2. essa cronica na minha opinião, e muito fora do normal. como: um homem sair de seu apartamento, nu, e vem um vento forte e fecha a porta> mas fora isso o texto é ate engraçado




    kayc garcia

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  3. na minha opinião, achei de um modo em que serviu de exemplo, por que quando ele saiu nu, e a porta si fechou, e ficou morrerndo de medo de alguem ver, mais ele também nao teve a conciencia, na hora de sair pra busca pao, mais nao final achou qe era a policia e nao final era o homen que veio combrar ele !!!! servio um varias parte de exemplo tambem !!!!

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  4. bem na minha opinião,axei o texto bem engraçado e diferente. Mas porem sem logica, como um homem sai nu, no meio de seu apartamento ? sabendo ainda que tem moradores naquele lugar....
    bem é para se refletir neh mais fora isso o texto é bem engraçado

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  5. na minha opinião assim como os outros comentários achei o texto muito engraçado e fora do comum. Esse texto também nos deixa uma lição de vida como : não se deve fugir de seus compromissos

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  6. Muito bem.
    É uma das crônicas mais engraçadas do MESTRE Fernando Sabino.

    Parabéns!

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