terça-feira, 16 de abril de 2013

O novo manifesto_Lima Barreto


Eu também sou candidato a deputado. Nada mais justo. Primeiro: eu não pretendo fazer coisa alguma pela pátria, pela família, pela humanidade.
Um deputado que quisesse fazer qualquer coisa dessas, ver-se-ia bambo, pois teria, certamente, os duzentos e tantos espíritos dos seus colegas contra ele.
Contra as suas idéias levantar-se-iam duas centenas de pessoas do mais profundo bom senso.
Assim, para poder fazer alguma coisa útil, não farei coi­sa alguma, a não ser receber o subsídio.
Eis aí em que vai consistir o máximo da minha ação parlamentar, caso o preclaro eleitorado sufrague o meu nome nas urnas.
Recebendo os três contos mensais, darei mais conforto à mu­lher e aos filhos, ficando mais generoso nas facadas aos amigos.
Desde que minha mulher e os meus filhos passem melhor de cama, mesa e roupas, a humanidade ganha. Ganha, porque, sendo eles parcelas da humanidade, a sua situação melhorando, essa melhoria reflete sobre o todo de que fazem parte.
Concordarão os nossos leitores e prováveis eleitores, que o meu propósito é lógico e as razões apontadas para justificar a minha candidatura são bastante ponderosas.
De resto, acresce que nada sei da história social, política e intelectual do país; que nada sei da sua geografia; que nada entendo de ciências sociais e próximas, para que o no­bre eleitorado veja bem que vou dar um excelente deputado.
Há ainda um poderoso motivo, que, na minha consciên­cia, pesa para dar este cansado passo de vir solicitar dos meus compatriotas atenção para o meu obscuro nome.
Ando mal vestido e tenho uma grande vocação para elegâncias.
O subsídio, meus senhores, viria dar-me elementos para realizar essa minha velha aspiração de emparelhar-me com a descha  ne lesca elegância do senhor Carlos Peixoto.
Confesso também que, quando passo pela Rua do Passeio e outras do Catete, alta noite, a minha modesta vaga­bundagem é atraída para certas casas cheias de luzes, com carros e automóveis à porta, janelas com cortinas ricas, de onde jorram gargalhadas femininas, mais ou menos falsas.
Um tal espetáculo é por demais tentador, para a minha imaginação; e, eu desejo ser deputado para gozar esse paraí­so de Maomé sem passar pela algidez da sepultura.
Razões tão ponderosas e justas, creio, até agora, nenhum candidato apresentou, e espero da clarividência dos homens livres e orientados o sufrágio do meu humilde nome, para ocupar uma cadeira de deputado, por qualquer Estado, pro­víncia, ou emirado, porque, nesse ponto, não faço questão alguma.
Às urnas.

Fonte: Coleção folha de São Paulo


 
 

Glossário:

Pretende: Exigir, Solicitar.

Bambo: Perturbar-se, Atrapalhar-se e Desequilibrar-se.

Subsídio: Vencimentos de senadores, Deputados e Vereadores.

Creio: Crer.

Consistir: Basear e Fundar.

Preclaro: Célebre, Culto, Egrégio, Eminente, Famoso, Ilustre, Notável e Sábio.

Elementos: Abc, Generalidade, Princípio, Princípios e Rudimentos.

Ponderosas: Digno de atenção, Convincente, Importante.

Compatriotas: Pessoas do mesmo país.

Aspiração: Absorção, Absorvência e Sucção.

Fonte: Dicionário online de português. http://www.dicio.com.br/


Afonso Henriques de Lima Barreto (Rio de Janeiro, 13 de maio de 1881 - Rio de Janeiro, 1 de novembro de 1922), melhor conhecido como Lima Barreto, foi um jornalista e um dos mais importantes escritores libertários brasileiros.
Era filho de João Henriques de Lima Barreto (negro nascido escravo) e de Amália Augusta (filha de escrava agregada da família Pereira Carvalho). O seu pai foi tipógrafo. Aprendeu a profissão no Imperial Instituto Artístico, que imprimia o periódico "A Semana Ilustrada". A sua mãe foi educada com esmero, sendo professora da 1ª à 4ª séries. Ela faleceu quando ele tinha apenas 6 anos e João Henriques trabalhou muito para sustentar os quatro filhos do casal. João Henriques era monarquista, ligado ao visconde de Ouro Preto, padrinho do futuro escritor. Talvez as lembranças saudosistas do fim do período imperial no Brasil, bem como as remotas lembranças da Abolição da Escravatura na infância tenham vindo a exercer influência sobre a visão crítica de Lima Barreto sobre o regime republicano.

        Síntese do grupo


O rapas era candidato a deputado, disse que não iria fazer nada pela pátria pela comunidade e pela humanidade , disse o candidato " Se eu falar que irei fazer algo pela humanidade, pátria , pela comunidade pois irei ter a maiorias dos amigos contra min".
Ele falou que iria fazer muito coisa só para a família dele  para que ela melhore de vida de roupa e mesa.
Nós achamos que ele está sendo verdadeiro pois um candidato não falaria que não iria fazer nada para conseguir ser o deputado elegido.
Na nossa opinião ele poderia ter falado algo que ele pudesse fazer pela comunidade pela pátria pela humanidade como tirar os buracos da rua de algum bairro.
Ele está sendo honesto em falar que só quer ser deputado para que sua família fique melhor de casa, roupa e mesa. Ele deveria ser um candidato honesto porque estava falando a verdade.


E.M.I.E.F Professor Emilio Simonetti

Nome: David
Nome: Eduarda
Nome: Eduardo
Nome: Wallison
Nome: Nathanael
Nome: Marcelo

Prof: Maurílio de carvalho

3 comentários:

  1. Gostei da postura de empenho do grupo.

    A síntese pode melhorar na análise crítica e na questão de compreenderem a ironia do autor em relação aos políticos, conforme os colegas discutiram em sala.

    Façam mais comentários.

    No mais, PARABÉNS!

    ResponderExcluir
  2. Eu gostei do trabalho de vocês,bacana.!

    ResponderExcluir